quinta-feira, 5 de abril de 2012

Angelina Jolie: estreia como diretora acompanhada por escândalo


Os cinemas russos começaram a exibir o filme “Na Terra do Sangue e do Mel”, - uma estreia da mundialmente famosa atriz de Hollywood Angelina Jolie, desta vez na qualidade de diretora cinematográfica. A exibição nos cinemas mundiais deste filme, dedicado ao conflito de há vinte anos nos Balcãs, mereceu apreciações contraditórias.
...Eles se encontraram e se apaixonaram. Mas começou a guerra que os pôs de lados opostos da frente de batalha. Por obra e graça do destino, a moça bósnia ficou no campo de prisioneiros de guerra e foi aí que ele a encontrou de novo. Mas agora eram inimigos... Tal é o ponto de partida do drama cinematográfico rodado por Angelina Jolie.

Este filme cruel, que não tem nada de feminino, está cheio de cenas de violência. Torturas, fuzilamentos em massa e crianças de peito lançadas das sacadas – o espectador enfrenta todos estes horrores da guerra civil quase a partir de primeiros minutos da exibição. O filme, feito por uma celebridade mundial que, falando a propósito, é embaixadora de boa vontade da ONU, provocou protestos de ambas as partes. As representantes da “Associação de Mulheres de Bósnia – Vitimas da Guerra” fizeram uma queixa à ONU acusando Jolie de ter romantizado de uma maneira insultuosa para elas as relações entre os estupradores e as suas vítimas. Quanto aos sérvios, eles qualificaram o filme de mentiroso e não objetivo e recusaram-se a exibi-lo em seu território. E o que pensam dele os russos? “Angelina Jolie adotou uma posição padronizada pela mídia mundial: os bósnios foram as vítimas, os sérvios foram os carrascos e, por isso, a reação da Servia, onde o filme foi recebido com sete pedras na mão, é perfeitamente natural, - disse na entrevista à Voz da Rússia a crítica de cinema Irina Pavlova.

“Nos últimos anos passei muito tempo nos Balcãs, - prossegue ela. – Estive na Croácia, Sérvia e Montenegro, mantive contato com a gente de lá. Vi os vestígios da guerra. Compreendo perfeitamente o que é a guerra civil, - nós, os russos, temos isso na memória genética. Nesta história não existem justos, nem culpados e, se levarmos em consideração que no fundo da guerra está um conflito não somente civil, mas também religioso, é melhor que os estranhos não se metam nisso... Na minha opinião, a guerra dos Balcãs serviu de tema para dois grandes filmes: “A terra de ninguém” de Danis Tanovich e “Antes da chuva” de Milcho Manchevski. Um deles foi premiado com um Oscar, o outro com o Leão de Ouro no festival cinematográfico de Veneza. Estes dois filmes são absolutamente fidedignos”.

“Creio que o meu filme é difícil de ver, mas é assim que deve ser”, - assevera Angelina Jolie.  – É assim que se deve mostrar a guerra. Talvez seja pouco comum ouvir algo semelhante de um diretor cinematográfico, mas creio os espectadores devem sentir desconforto ao assistir a este filme”, - declarou ela no festival de Berlin.

Todavia, a maioria dos críticos recebeu com um sorriso esta tentativa da estrela de Hollywood de falar das coisas sérias e, ainda mais, de abordar o tema seriíssimo da Guerra dos Balcãs. A posição da crítica russa Irina Pavlova é diferente.

“Não, este filme não é nenhuma bagatela,- diz Irina Pavlova. – O filme foi feito com paixão, com esforço, - é uma obra bem feita. Compreendo que Angelina Jolie tenha sido onduzida pelo enredo – foram as tragédias humanas que a conduziram. Eu não posso julgá-la como pessoa humana, como personalidade por ter adotado esta posição, pois as suas intenções foram as mais nobres e ela merece por isso que todos lhe tiremos o chapéu. O filme resultou, digamos, não vergonhoso, nem infame, mas chamá-lo de digno também é impossível”.

“É preciso ser muito corajoso para começar a carreira de cineasta com um tema tão terrível e contraditório, - acrescenta a crítica. – Todavia, se uma pessoa quer saber algo sobre esta guerra, é melhor assistir aos filmes realmente fortes – “A terra de ninguém” e “Antes da chuva”.

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